Um corpo coberto por papel branco com apenas um pé negro visível, especificamente o esquerdo, feito uma “mortalha” que “apaga”, por meio do “embranquecimento”, propõe refletir criticamente sobre políticas de eugenistas que fundamentaram a república brasileira. A “integração” na parede branca, além de uma “objetificação”, também evoca uma “dissolução” por meio da cor e da “absorção” propostas pelo Estado brasileiro. A figura negra pode ser percebida apenas pelo pé esquerdo projetado à frente e visível fora do volume branco. A opção pela passada esquerda evoca a imagética do antigo Kemet, onde pessoas foram representadas com o pé esquerdo projetado indicando a importância do coração como guia em nossas caminhadas. Embora os fundadores do Estado brasileiro tenham planejado o completo extermínio das populações não brancas, seguimos resistindo e caminhando tendo nossos corações e sabedorias ancestrais como guias.
Vídeo Osmar Zampieri | Fotos Filipe Berndt, Marcos Gallon e Samanta Moreira.
Trabalho desenvolvido durante a 16ª VERBO – Galeria Vermelho.